Na Argentina, o Peugeot 408 é visto quase como a Casa Rosada. É orgulho nacional, com direito a boas vendas e críticas favoráveis na imprensa local, apesar do antigo câmbio automático AL4 que enforca o belo motor 2.0. Por aqui, a história é outra: ele ainda não ajudou a Peugeot a melhorar sua participação de mercado. Vendeu, de janeiro a novembro, 5.829 unidades, segundo a Fenabrave. O Toyota Corolla, só em novembro, vendeu 5.174. Por lá, como aqui, faltava uma pitada de sal, finalmente adicionada à receita com o motor 1.6 THP, o mesmo do 3008, e um câmbio automático de seis marchas, que poderia ser estendido a toda a linha. Chamada de Sport, essa versão tem 165 cv e vai pegar de igual para igual o VW Jetta TSI. Tomara que custe menos, algo que é pouco provável pelo preço da nossa versão Griffe, vendida a R$ 79.900. Troque uma pela outra, Peugeot!

PEUGEOUT 408 TURBO

Preço estimado

R$ 80.000

Potência

165 cv

Torque

24,5 mkgf

Peso

1.641 kg
As mudanças externas em relação ao modelo comum, fora as que ficam sob o capô, são poucas. Na verdade, são só quatro, uma em cada canto do sedã: as rodas, de cinco raios duplos, emprestadas do 308 CC, mas com a mesma medida dos demais 408 (225/45 R17). E as saídas de escape duplas, como se o carro tivesse motor em V? Iguais às dos outros 408, meu caro, e mera perfumaria: o escape está escondido sob o para-choque traseiro.
Por dentro, tudo igual, a não ser por alguns detalhes menores, como os pedais de alumínio e o volante de couro com a base reta. A posição do banco do motorista, ainda que disponha de comandos elétricos, fica devendo um nível mais baixo. Menos mal que o volante tem regulagem de altura e de distância. Atrás, como é quase regra no segmento, a não ser pelo Honda Civic, só dois adultos se acomodam com conforto. O passageiro do meio viaja mal. O porta-malas, de 526 litros, não deixará a bagagem de ninguém para trás (é só não querer levar uma roupa para cada ocasião até a praia, garotas!).

Respostas lentas

Já que o que interessa é como esse carro anda, vamos para trás do volante. Seria de esperar que os 165 cv fizessem maravilhas ao sedã, mas, surpreendentemente, o câmbio de seis velocidades tem respostas lentas. No 3008, ele até que vai bem. A resposta para a diferença é o peso: 1.641 kg para o 408, 1.480 kg para o 3008, ou 161 kg a mais.
Se a transmissão tem mais marchas, ela deveria ser necessariamente melhor, certo? Nada feito. A agilidade da transmissão também depende do software de gerenciamento. Assim como o câmbio de seis marchas da Volks, o do Peugeot parece demorar a processar exigências, especialmente na cidade, naquelas mudanças rápidas de faixa. Qualquer kick-down exige reflexão. Mesmo assim, eis um gordinho ágil: a Peugeot divulga 213 km/h de máxima e 0 a 100 km/h em 9,2 s para o 408.
Se o motor responde bem, a suspensão deixa a desejar. Aparentemente sem mudanças em relação à do carro 2.0, ela flutua em velocidades altas e é mais voltada a conforto, ainda que, em pisos irregulares, sinta e transmita boas pancadas ao interior. Tomara que, na versão vendida no Brasil, a calibragem seja revista. É o que recomendamos.
Se não é um primor de resposta dinâmica, o 408 Sport pelo menos não deixa a peteca cair em equipamentos e itens de segurança. Sim, faltam fixações Isofix para cadeirinhas de criança e air bag para os joelhos do motorista, mas ele traz seis air bags, ABS, controle de estabilidade e os demais mimos eletrônicos que a Peugeot adora oferecer, como sensores de chuva, de luminosidade e de estacionamento e câmera de ré. Afinal, o carro é grande: são 4,69 m de comprimento.
Se for importado a bom preço, ajustar melhor sua suspensão (vale para todos os 408) e agilizar a resposta de seu câmbio, o 408 Sport tem grandes chances de melhorar não só suas vendas, mas também as de toda a marca. Mesmo que apenas atraindo atenção para as versões mais baratas do sedã.